sábado, 3 de setembro de 2011

Nenhuma palavra e nenhuma lembrança

Sabes que já não durmo por dentro? Fecho os olhos e afundo-me num poço sem palavras nem espaço, continuando, sem o saberes, acordado, temendo perder-te. E tantas vezes te perdi, tantas vezes inquietamente te chamei e não respondeste! Agora, a meio da noite, escuto a tua respiração na cama a meu lado, como se eu e tudo, a minha memória e os meus sentidos (principalmente os meus sentidos), fôssemos apenas um sonho de outras pessoas, provavelmente, como poderei sabê-lo?, um sonho teu.



(Manuel António Pina, Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança)

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