sábado, 3 de março de 2012




Dobrou-se sobre ela puxou-lhe fogo

Escancarou-lhe os olhos puxou-lhe fogo

Cerziu-se-lhe no peito puxou-lhe fogo

Tirou-lhe pó de cima puxou-lhe fogo

Sentiu-se tão pesado puxou-lhe fogo

Cobriu-a de ar; destapou-lhe a carne; mordeu.




Era fim de tarde era depressa era comprido

Verteu palavras tenras até já não ter voz

Chorou, soletrou-lhe o corpo membro a membro

E foi no soalho a solidão de a desventrar

Tremeu tremeu puxou-lhe fogo




E ela ardeu






(Manuel Cintra)

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