segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Prelúdio de uma insónia

Ofício de Amar


já não necessito de ti
tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e o remorso

um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas

ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponível, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade do meu próprio corpo



(Al Berto)




Sim, isso. Porque tenho a pérola e estou cansada. Tenho esse supremíssimo cansaço seguido de infinitos íssimo.
Não é uma boa noite para sentir.
Não foi um bom dia para te lembrar.
Acho que tinhas demasiadas expectativas, acho.
Acho que morreste pelos teus 16 anos, embriagado em Rimbaud e Eugénio. És adulto, demasiado adulto para sentires. E eu não.


Sem comentários:

Enviar um comentário