terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um triste talento


Oh!, não me envergonho desta dependência, deste, se quiser, amor insensato, delirante. Não, nunca amei. Só agora aprendo o que isso significa. Até aqui, tudo na minha vida não passou de um prelúdio, de uma espera, de um passatempo, de um desperdício de tempo, até que a conheci, até que eu a amei, amei de todo o meu coração. Censuraram-me, não na minha frente, mas pelas costas, de quase tudo onde ponho as mãos sair atabalhoado e imperfeito. É possível, mas não tinha tido ainda ocasião de mostrar a minha mestria. Quero ver quem é que me ultrapassa no talento de amar.
É, sem dúvida, um triste talento, pleno de dores e de lágrimas; mas acho que este talento faz tanto parte da minha natureza, me é tão próprio, que dificilmente voltarei a renunciar a ele.





(J.W. Goethe,  As Afinidades Electivas)

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