(...)
E poderei eu dizer que tu apenas condescendes,
que por magnanimidade voltas, por excesso,
por estares tão segura, tão em ti própria,
que te moves como uma criança, sem medo
de lugares onde se faça mal a alguém - :
mas não: tu pedes. Isso penetra-me
até aos ossos e atravessa-me como uma serra.
Uma censura, de que tu fosses como um fantasma portadora,
a mim dirigida, quando de noite me recolho
nos pulmões, nas entranhas,
na última e paupérrima câmara do meu coração, -
semelhante censura não seria tão cruel
como é o teu pedir. Que pedes?
(...)
(Rainer Maria Rilke, Requiem por uma Amiga, Maria Teresa Dias Furtado (trad.))
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