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quinta-feira, 11 de agosto de 2011
domingo, 7 de agosto de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Desconstrução de um poema de Eugénio
Falei-te de tudo quanto amei
para que tu amasses todas as coisas comigo.
Mas os dias correm,
sem palavras.
Sonhei-te para permanecer no teu abraço prolongado.
para que tu amasses todas as coisas comigo.
Mas os dias correm,
sem palavras.
Sonhei-te para permanecer no teu abraço prolongado.
Mas o dia amanhece,
espesso,
cansado e vazio.
É preciso acordar.
Mas nesta roda
todas as palavras são cegas e mudas
e tu um corpo distante e adormecido.
espesso,
cansado e vazio.
É preciso acordar.
Mas nesta roda
todas as palavras são cegas e mudas
e tu um corpo distante e adormecido.
domingo, 19 de junho de 2011
Fuga de nada
Pela primeira vez, em muito tempo, não me apeteceu fugir. Idiota, por querer o amor do amor mais profundo, tendo eu a dor da dor mais profunda.
Não se ama um homem amargo, nunca.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Dia de todos os demónios I
Sempre soube muito de muita coisa, sem saber nada de mim. Nunca me quis adulta, nunca me quis triste, nunca me quis cansada. E ser adulto é ser isso tudo. Anda. Anda comigo, vamos regressar doze anos atrás no tempo. Vamos pegar na mão do pai enfermo, perto do leito da morte. Vamos, pega-lhe a mão, mente e sê adulto. Sê criança e forte. Sê adulto e criança. Vamos. Quero-te forte. Forte só porque sim, porque se não o fores, também ele não o é. Vamos. Arrasta-te no tempo, arrasta-te cinco anos de fingimento. Nada te dói. És tão sublime, és tão indolor. Estás tão afastado de tudo e de todos. Silêncio. Há um silêncio gigante. Cinco anos, passaram cinco anos. Hemorragia, ele teve uma forte hemorragia. Não morreu, mas também não está vivo. A casa enche-se de sangue. Toda a gente saiu à pressa. Ficaste sozinha. Tens quase 14 anos e és um máquina. Indolor, como sempre. Humana, como nunca. Limpas a casa, limpas o sangue. Agora avança, avança até ao presente. Até essa mascara que não cai. Porque os rostos que tinhas, estão gastos, sujos. És adulta, adulta e não sabes fingir. És essa coisa, essa coisa cansada. E queres que te percebam, porque a melancolia vem sempre acompanhada de solidão. Doze anos. Como é que passaram doze anos e cresceste? Como é que que não tiveste tempo de crescer, se foste sempre adulta. Como é que foste sempre isso. Essa coisa. Essa máquina? E sabes, sabes muito de muita coisa. E não sabes nada de ti. És estranha. É isso. Queria definir-te, mas não posso, não consigo. Estás presa ao maldito passado, aos malditos fantasmas. E questionam-te e tiram-te o chão. E é injusto. É injusto porque não sabes. E as pessoas não aceitam que não saibas. E não, não sabes. És mera (des)ilusão.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
||||||
Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
o tempo de iludires a arquitectura fria do estaleiro
onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste,
se partiste,
que dentro de mim se acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo, embora como um lume
de cera, lento e brando, que já não derrama calor.
Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo cegueira pior do que a minha:
o frio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
no cais como se transportassem no corpo o vaivém
dos barcos. Dizem-me os seus passos
que vale a pena esperar, porque as ondas acabam
sempre por quebrar-se junto das margens. Mas eu sei
que o meu mar está cercado de litorais, que é tarde
para quase tudo. Por isso, vou para casa
e aguardo os sonhos, pontuais como a noite.
feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
o tempo de iludires a arquitectura fria do estaleiro
onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste,
se partiste,
que dentro de mim se acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo, embora como um lume
de cera, lento e brando, que já não derrama calor.
Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo cegueira pior do que a minha:
o frio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
no cais como se transportassem no corpo o vaivém
dos barcos. Dizem-me os seus passos
que vale a pena esperar, porque as ondas acabam
sempre por quebrar-se junto das margens. Mas eu sei
que o meu mar está cercado de litorais, que é tarde
para quase tudo. Por isso, vou para casa
e aguardo os sonhos, pontuais como a noite.
(Maria do Rosário Pedreira)
Uma insónia disfarçada de poema. Um poema disfarçado de ti. Tu disfarçado de ferida. Ferida dentro de mim.
Não vale a pena esperar.
Ele era uma coisa frágil fora de mim.
Agora é só uma cicatriz.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Idiota
Falo demais, e, no entanto, escrever é estar calada. Precipitei-me nas palavras, dei-lhe as piores quando afinal um sorriso chegava.
Sou uma criatura irracional e incoerente. E também estou relativamente magoada com a sua ausência e, por isso, interpretei mal as suas palavras.
Acho que é hora de parar e respirar. Escrever ou ler não é tão urgente. É tudo, sempre, uma fuga de nada.
Sou uma criatura irracional e incoerente. E também estou relativamente magoada com a sua ausência e, por isso, interpretei mal as suas palavras.
Acho que é hora de parar e respirar. Escrever ou ler não é tão urgente. É tudo, sempre, uma fuga de nada.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Seja como for ele já estava avariado
Sobre o lado esquerdo
De vez em quando a insónia vibra com a
nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas
uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas
da sua harpa insuportável.
No segundo caso, o homem que não dorme
pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo
e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração».
(Carlos de Oliveira, Sobre o lado esquerdo)
De vez em quando a insónia vibra com a
nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas
uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas
da sua harpa insuportável.
No segundo caso, o homem que não dorme
pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo
e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração».
(Carlos de Oliveira, Sobre o lado esquerdo)
Vá-se lá saber como é que isto surgiu assim, tão inesperadamente, e em dois sítios quase ao mesmo tempo. Há um dia de diferença, e o meu vem depois. Não gosto que venha depois. Quanto ao coração, é o que o título diz, está avariado, do lado esquerdo e do lado direito, e pesa tanto como sempre. Pesa em quantidades elevadas de tristeza e de saudade. Porque uma não existe sem a outra. Lembras-te da Menina do Mar? Se não, então lembra-te de mim, da anémona-tangerina-menina, porque eu sei que lá dizia que a saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora. Sabes que viver aqui, em Portugal, é viver no Reino da Saudade e da Tristeza. E há pessoas com "quartos da felicidade", imagina uma biblioteca privada, como a do quadro. Isso pode ser um quarto da felicidade. Depois há os outros, para cantar, dançar, sorrir. Quartos escondidos, daqueles que pouca gente tem e quase ninguém conheçe. E quem não os conheçe, ou então se perdeu deles, fica nesta solidão disfarçada de tristeza e saudade. A vida esgota-se e o sono também. É-se louco e triste, não se é belo, e há só um enorme desamor nesta coisa avariada. Que como os gatos, perde vidas, perde-as em suspiros e lágrimas, perde-as para a melancolia. Perde-as para a saudade daquele que nos fere a memória com a sua ausência. Porque o silêncio e o amor são tão mortais como o sofrimento.
domingo, 7 de novembro de 2010
17 e 56
Ao teu suspiro, que me doeu um instante, e agora lembro num labirinto de palavras.
Seria cansaço ou lamento? Como uma primeira impressão que te escapa ao rosto tapado e que não mente.
São 17 e 56, disse-o baixinho. Olhei-te e repeti em voz alta, são 17 e 56 e só depois percebi que isso não se diz.
Seria cansaço ou lamento? Como uma primeira impressão que te escapa ao rosto tapado e que não mente.
São 17 e 56, disse-o baixinho. Olhei-te e repeti em voz alta, são 17 e 56 e só depois percebi que isso não se diz.
Era cansaço e lamento.
Ainda são 17 e 56.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Sobre o rapaz raro
Preciso que
me reconheçam
que me digam Olá
e Bom dia
mais que de espelhos
preciso dos outros
para saber
que eu sou eu
( Adília Lopes, Caras Baratas)
E afinal eu era cândida, por achar que isto me definia, por achar que tu eras o rapaz raro e estranho. E disse-te "não que um poema defina quem quer que seja". Não me ouviste. Gostaste mais das minhas palavras do que de mim.
Fui Pateta, patética, peripatética e acordei mais melancólica que fleumática. Já não és raro, és estranho.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
A anémona-menina
Ainda pateta, patética e peripatética.
No fundo eu sou uma Tangerina. Ou então, sou uma Tangerina-anémona-menina.
Não me apetece ter de escolher entre o Al Berto e o Cesariny, não e não. Afinal, o equinócio é para sempre.
Pode dizer-se que isto foi um começo.
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