domingo, 10 de julho de 2011

A lenta volúpia de cair


O poema ensina a cair
sobre vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede

até à queda vinda
da lenta volúpia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.

(Luiza Neto Jorge, Poesia)


O poema não ensina a atravessar o Domingo, de quem tem feridas no peito e negrume no coração. Quem cai de amor rapidamente atinge o chão. Ao Domingo, a dor da tua ausência fere ainda mais do que há semana. Amo-te aos bocados, em part-time, para doer devagar e prolongar o (des)amor. Amanhã, é uma ferida lenta que morre e não mata. Estarei de face voltada para chão a ignorar a tua ausência.


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