Disse uma vez que um escritor nunca devia ser julgado pelas suas ideias.
- Sim, não me parece que as ideias sejam importantes.
Muito bem, então de que modo devia ele ser julgado?
- Devia ser julgado pela satisfação que proporciona e pelas emoções que se obtêm. Quanto às ideias, bem vistas as coisas não é muito importante se um escritor tem uma determinada opinião política ou se tem outra, porque a obra há-de surgir independentemente delas, como no caso do Kim, de Kipling. Suponha que considera a ideia do império inglês - bem, em Kim parece-me que as personagens de que realmente gostamos não são inglesas, mas muitas delas índios ou muçulmanos. Acho que são boa gente. E isso acontece porque ele as pensou - não, não! Não porque ela as pensou mais simpáticas - porque ele as sentiu mais simpáticas.
(Excerto da entrevista a Jorge Luís Borges, Entrevistas da Paris Review)
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