Relacionar tempo e felicidade é uma idiotice. Aliás, ligar tempo a qualquer outra coisa é uma idiotice. Por exemplo, foi numa das dinastias mais curtas que se fizeram as obras mais representativas da civilização chinesa. Mas, recuando ainda mais no tempo, é de invejar o homem das cavernas, porque esse desconhecia o tempo. E voltando de novo aos chineses, é de compreender que o imperador tenha mandado executar aquele que disse ter inventado o relógio. Nem é de compreender, é de amar. Fascina-me não a violência do acto, mas a ausência de tempo. O mesmo se passa na língua, há uma falta de futuro, de conjugação, há um quase-futuro que não chega a ser, está subentendido, está limitado a uma partícula. Sem tempo não há futuro, não há perspectiva, há uma linha recta, uma linha contínua. Não há inquietação.
Já tudo foi descoberto, muita coisa foi criada, gosto de acreditar que tudo ainda está por inventar e que nada está escrito afinal. As perspectivas ingénuas foram sempre melhores. Não sou o homem das cavernas, não mandei matar o tempo, não sou um animal triste numa selva cinzenta, só não gostei de ver tempo e felicidade juntos.
oh... eu acho que consigo viver tão melhor com a espera e com a desilusão do que com a ausência de expectativas... acho que tenho até, na minha casa da "felicidade", um quarto só de expectativas. e é o que tem, normalmente, melhor acústica para cantar, mais espaço.
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